Falar de Sonic é falar da história viva dos videogames e,
claro, da história da Sega.
A primeira vez que vi o desenho do bichinho pensei que ele
tinha sido desenhado pela Disney. Sei lá, provavelmente era o tamanho dos
olhos, aquele nariz parecido com o do Mickey. Alguma coisa me dizia que aqueles
traços tinham inspirações em vários outros personagens.
Não me lembro exatamente quando experimentei pela primeira
vez um jogo com o Sonic, mas acho que foi no Master System do vizinho, bem
antes de eu ter o Mega Drive. Desde o começo já achava bonita demais aquela
primeira fase, tradicionalmente verde, azul e marrom. Um lindo campo cheio de
coisas bonitas que, mais tarde, daria lugar a lugares mais obscuros e estéreis.
Por causa do Sonic eu queria um Mega Drive. Por causa do Sonic,
eu virei um “seguista”. Por causa do Sonic quase enlouqueci meus pais para me
darem um Mega Drive de presente de aniversário. E eu fui atendido.
Pra começar, enxerido que sou, nas proximidades do meu
aniversário já desconfiava que meus pais já tinham comprado o dito cujo. Minha mãe
e meu pai nunca foram muito bons em guardar segredos. Eu tinha certeza e
comecei a procurar nas gavetas de documentos provas do “crime”. Sem muito
trabalho, eu achei.
Um recibo de uma loja chamada “Casa das Festas”, que era
isso mesmo, uma loja de artigos para festa mas que também vendia brinquedos e...videogames!
Estava lá, preto no branco, a nota fiscal que descrevia “1
VIDEOGAME MEGA DRIVE TECTOY”. Não me pergunte o preço, mas era caro.
Aí eu caí na pressão!
E eles cederam!
Estava escondido na casa do meu vizinho da frente, o mesmo
que tinha o Master System onde eu assistia e às vezes jogava o Sonic.
A caixa estava embalada, acho, num papel vermelho e quando
vi aquilo simplesmente enlouqueci! Eu e meu primo Fabricio abrimos o pacote e aí...aí
minha mente explodiu!
A linda caixa preta da Tectoy, a então fabricante oficial do
console no Brasil, com a foto do videogame, de um controle de 3 botões e o
desenho dele, do porco-espinho azul mais amado do universo logo abaixo, com seu
indicador levantado mostrado que tinha chegado para ficar.
Não é a minha caixa, mas a esta era a minha versão do console. |
Eu acho que abrir uma caixa de videogame é umas das coisas
mais maravilhosas que se pode acontecer com quem gosta disso. Cada pedaço de
papelão que protege o tesouro é retirado cuidadosamente. Os plásticos que
envolvem os cabos e o controle. A caixinha preta do jogo, pois na época era
padrão vir um jogo junto com o console. E, finalmente, no centro da caixa, o
console, o coração e o cérebro de toda a diversão. Ergui-o com todo o cuidado e
solenidade, observando cada detalhe, o botão de volume, a entrada para fones de
ouvido, as ranhuras na parte esquerda, o círculo no restante do topo do objeto,
no centro do qual seriam colocadas as dezenas de cartuchos que viria a jogar
ali e, escrito em um lindo detalhe prateado, a marca de uma era, a revolução
que só seria superada pela chegada do Playstation muitos anos depois, a
expressão “16 bits”.
Liguei toda a parafernália na TV, coloquei o lindo cartucho
preto com etiqueta amarela com a figura do Sonic no slot e mudei a
chave de off para on pela primeira vez.
“SEEEGAAAAA”!
Seeeegaaaaa!! |
Quando ouvi aquilo ao olhar para a tela branca com o Sega
escrito em azul eu quase chorei.
“Mãe, vó, tem voz!! Ele fala!!”
Logo depois, apareceu aquele que seria o cenário de primeira
fase mais clássico depois do Mario (admito), com o seu oceano lindamente
cintilante, as montanhas propositalmente e maravilhosamente pixeladas ao fundo
e, no centro, ladeado pelas asas que remetiam a sua velocidade, o porco-espinho
e seu dedo indicador em riste. Uma obra de arte, um ícone perfeito, um símbolo
de uma geração.
Começando a aventura! |
Depois disso, foram muitas horas, mas muitas horas mesmo de
Sonic.
Sei de cabeça as músicas de todas as fases até hoje, descobri
os segredos de todas os níveis e consegui terminar o jogo com todas as
esmeraldas pelo menos uma vez.
Este eu posso dizer que gastei. Por isso, é um jogo que vou
guardar para sempre na lembrança, não só pela qualidade do software em si, mas
pelas sensações que ele me trouxe desde a primeira vez que entrei na Green Hill
Zone.
No próximo post, Halo - Combat Evolved.