quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Samurai Shodown II - Neo-Geo CD




Era para eu escrever sobre o Pro Evolution Soccer 5 desta vez, mas um querido amigo lembrou-me de um dos jogos de luta mais hardcores de sua época e que tivemos o privilégio de jogá-lo em toda a sua plenitude gráfica e sonora: Samurai Shodown II, para o Neo-Geo CD.

Numa época em que jogos em CD-Roms estavam começando a ficarem comuns e a Sega e Nintendo ainda dominavam o mercado de consoles, eu fui presenteado pelos meu pais no Natal de 1995 com uma máquina incrível chamada Neo-Geo CD, produzido pela japonesa SNK.

Até então a SNK produzia consoles que rodavam cartuchos, como era a tecnologia dominante na época. A diferença desta empresa para as outras que existiam no mercado era potência das suas máquinas e, mais que isso, a capacidade de armazenamento de dados de seus cartuchos.

De fato, eram fisicamente muito maiores que os da concorrência e isto se traduzia em extrema qualidade e polimento dos jogos (a maioria de luta). Neste caso, o tamanho fazia toda a diferença. Eu nunca conheci alguém que tivesse um console Neo-Geo de cartucho e até aquele longínquo dezembro de 1995, nunca tinha jogado qualquer jogo produzido pela SNK. Eu estava entrando naquele mundo novo de olhos vendados, enfeitiçado pelo gráficos espetaculares dos jogos que enfeitavam aquela enorme caixa preta.

E esta sempre foi uma das coisas na SNK que mais me chamava a atenção, pois tudo o que ela produzia era grande. Cartuchos grandes, consoles grandes e pesados e controles grandes que imitavam uma mesa de arcade, os verdadeiros joysticks.

O Neo-Geo CD era especialmente grande e muito pesado, ainda mais se comparado com meu console na época, o combo, Mega Drive/Sega CD.

Melhor que tudo, dentro da caixa já vinham dois controles (dos pequenos, só pra contrariar, mas com uma precisão absurda) e um jogo, ou melhor, "o" jogo de luta mais foda de todos os tempos: Samurai Shodown II.

Minha cópia da lenda


Quando coloquei o disquinho preto, com uma serigrafia muito simples e com um padrão que se repetiria em todos os jogos produzidos para o console e liguei o bichão, deu vontade de morrer. Mal acostumado com os cartuchos que não tinham tempo de carregamento algum e com o Sega CD, que era até bem rápido, olhar aquela barrinha amarela sendo preenchida juntamente com uma montagem de mangá dos personagens do jogo foi, no mínimo, desestimulante. Mas a barrinha encheu e aí, meus amigos...aí tudo mudou.

Apenas lembrando que o game estava dentro de uma mídia de CD-Rom e particularmente nesta época, a mudança mais significativa e facilmente notada para qualquer jogador era a qualidade do som.

Músicas japonesas reais, tocadas com instrumentos clássicos japoneses, vozes cristalinas e efeitos sonoros fora de qualquer classificação para a realidade gamer de meados da década de 1990. Tudo aquilo foi demais para mim. Além disso, os gráficos, claro!

Pixels muito bem desenhados e que ficavam cada um no seu lugar, uma explosão de cores incomparável, fluidez de movimentos, efeitos de zoom in e zoom out, letras gigantes que apareciam na tela no início de cada luta e no final de cada round e personagens enormes.

Não preciso dizer que aquilo explodiu a minha cabeça.

Os controles eram simplesmente perfeitos. Tudo acontecia na hora certa se os comandos fossem feitos da maneira correta. Depois de um tempo jogando, os golpes saiam quase naturalmente e todos personagens tinham qualidades e deficiências de modo que o jogo era muito equilibrado.

Havia combos e golpes especiais que faziam a tela brilhar e, se você desse sorte, poderia admirar os rios de sangue que jorrariam da jugular do infeliz do seu adversário no final da luta. Em casos de finais mortais, os juízes da luta levavam o "corpo" do lutador derrotado em uma maca coberta de palha, enquanto o vencedor saltava do cenário numa enorme figura em mangá que ocupava metade da tela, enquanto abaixo dessa imagem, apareciam suas frases de triunfo e desdém. Sen-sa-cio-nal!

Isso é game de luta old-school!

Quando ganhei o Neo-Geo CD, meu primo e meus amigos nos juntávamos na sala de casa sentados no sofá e no chão, no meio dos fios da extensão elétrica que ligava o videogame.

Quem perdia dava a vez para o outro e quem ganhava aguardava a próxima vítima.

O jogo montava um ranking do número de vitórias ininterruptas que cada um conseguia fazer. A competição era extrema, barulhenta, sangrenta e altamente apelativa. Algo que não existe mais nos dias de hoje, graças aos grupos de jogatina online dos novos consoles. Novos tempos, novas modas, novas maneiras de se divertir.

Mas creio que aquela época, o final da era 16 bits foi muito especial. Foi a época em que os amigos compartilhavam na escola suas peripécias gamísticas e não através das redes sociais. Os jogos coletivos eram curtidos indo até a casa dos colegas, integrando muito mais o pessoal e dando aquela característica familiar à brincadeira.

Emprestávamos cartuchos, íamos à locadora para pegar os lançamentos vindos diretos do Paraguai e dedicávamos horas a fio para terminar um jogo a tempo de devolve-lo após um fim de semana de locação.


Era um mundo bem mais simples em todos os sentidos e no sentido da tecnologia também, mas um coisa jamais vai mudar: o fascínio pelo entretenimento eletrônico.

Esse dura até hoje!


No próximo post, agora sim, Pro Evolution Soccer 5!!